Tratando varizes no consultório
- Dr Rafael

- 8 de mar. de 2021
- 3 min de leitura
Muitos pacientes acabam protelando o tratamento de varizes por medo de internação ou da cirurgia de varizes em si. Isso acaba piorando os sintomas em longo prazo e aumenta o risco de complicações como inflamação, trombose e feridas. É importante saber que o tratamento cirúrgico em ambiente hospitalar não é a única saída para o problema.

Um pouco sobre a cirurgia de varizes...
Primeiramente, a cirurgia de varizes é uma técnica de origem milenar, aprimorada pela ciência e pela Medicina ao longo dos anos, hoje em dia considerada muito segura. As veias são retiradas com microincisões de 1 a 2mm (geralmente as safenas com incisões um pouquinho maiores na virilha e joelho). Na maioria das vezes, o paciente recebe alta hospitalar no mesmo dia. A anestesia pode variar, desde local (injeção de anestesia próxima às veias) com sedação para conforto, até raquianestesia ou anestesia geral. Depende de cada caso e do que vai ser feito na cirurgia. A recuperação de modo geral demanda de dez dias até duas semanas de afastamento do trabalho e atividades físicas.
Mais recentemente, vimos o avanço de técnicas menos invasivas, muitas vezes realizadas com pequenas punções nas veias a serem tratadas sem necessidade de internação hospitalar. Vamos conhecer algumas das técnicas:
Escleroterapia com espuma
Trata-se de um método de ablação química, que visa agredir a superfície interna dos vasos por meio de injeção de espuma de um agente esclerosante, ocasionando seu "fechamento". Ou seja, tratamos a veia por dentro, sem sua retirada. Hoje podemos tratar inclusive vasos mais calibrosos como a veia safena sem grandes incisões. A localização e injeção da veia é guiada pelo ultrassom, como demonstrado abaixo:

A diferença da escleroterapia com espuma para a convencional (também chamada de "aplicação") é que com a espuma podemos tratar varizes de grosso calibre e veias safenas. Na convencional, o esclerosante é injetado na forma líquida e só consegue fechar os vasinhos menores, também chamados de telangiectasias. Saiba mais sobre essa técnica aqui.
Possui como vantagens um rápido retorno às atividades (em alguns casos no mesmo dia) e menor incidência de grandes hematomas ou inchaço, que podem ser desconfortáveis. Além disso, pode ser feita em consultório na maioria das vezes, em algumas sessões. No entanto, é mais bem indicada para safenas não muito calibrosas, pois quanto maior seu calibre, maior a chance de a veia sofrer recanalização (e o sangue voltar a circular por ela) em alguns anos.
Para pessoas que valorizam muito o resultado estético, vale lembrar que a espuma pode ocasionar manchas amarronzadas na pele em vasos mais visíveis, que geralmente perduram alguns meses, em uma pequena porcentagem dos casos.
Feita sob rigor técnico e acompanhamento adequado, é uma excelente opção, sobretudo para pacientes que possuem doenças mais graves com maior risco para cirurgia, ou que não desejam se submeter à cirurgia convencional. Também é muito bem indicada para pacientes com inflamação escurecimento da pele (dermatite ocre) e úlceras venosas por má circulação, uma vez que dificultam a retirada cirúrgica das veias.
Laser transdérmico
O laser transdérmico é uma boa alternativa para varizes de fino calibre (veias reticulares ou "microvarizes") quado a preferência é pelo tratamento em consultório. As veias são identificadas por um dispositivo de realidade aumentada ("GPS vascular") e os disparos de laser são feitos. O laser destrói os vasinhos indesejados através de lesões térmicas. A pele é resfriada continuamente, gerando efeito anestésico e tornando o procedimento tranquilo.

Muitas vezes é realizado o tratamento combinado com escleroterapia convencional (aplicação) ou com espuma para potencializar os resultados, especialmente em vasos que persistem mesmo após tratamento adequado.
Dessa forma, conseguimos diminuir substancialmente a quantidade de casos de varizes que necessitam internação hospitalar e cirurgia convencional, reduzindo o tempo de convalescência e proporcionando um retorno mais ágil à vida normal.
Qual a melhor técnica para meu caso?
Não há evidências sólidas de que uma modalidade de tratamento seja inteiramente superior a outra, mas claro que há preferência baseada em cada caso. Além disso, a cirurgia convencional mantem-se como uma excelente opção para vários casos.
Atualmente temos um verdadeiro leque de ferramentas e técnicas à nossa disposição. O que levo em consideração ao estabelecer um plano de tratamento são: a queixa do paciente, as veias que incomodam, as características individuais e as preferências pessoais.
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Rafael Carvalho
Cirurgia Vascular









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