Quem tem varizes precisa usar meia de compressão?
- Dr Rafael

- 23 de nov. de 2020
- 3 min de leitura

Ah, a tão famosa meia de compressão!
Amada por muitos e odiada por tantos outros, a meia sempre é motivo de polêmica e confusão pelos pacientes que sofrem de varizes ou trombose. Mas todos devem entender o real motivo por trás de sua prescrição pelo angiologista ou cirurgião vascular: ela ajuda o sangue a retornar ao coração.
Mas como isso acontece?
O sangue chega às pernas e pés pelas artérias, e o caminho de volta ao coração é através das veias.
O grande problema é que, para voltar, o sangue deve vencer a força da gravidade, e o pior: não temos uma bomba cardíaca para ajudar! Mas temos outros grandes aliados, a os músculos da panturrilha (batata da perna), que, ao se contrair, acabam "bombeando" o sangue ao caminho de volta! Por isso a panturrilha também é conhecida como nosso "segundo coração". As válvulas das veias certificam que o sangue siga apenas para cima.

Nem sempre funciona...
Pessoas que permanecem longos períodos de pé ou mesmo sentadas deixam a musculatura relaxada na maior parte do tempo, o que prejudica o retorno venoso, causando represamento de sangue na perna. Inclusive, por isso o sedentarismo é um fator de risco para surgimento de varizes!
Além disso, em pessoas que já tem varizes, muitas vezes a válvula da veia já não funciona bem. Daí o sangue sobe rumo ao coração com a contração do músculo, mas acaba voltando. Isso é o que chamamos de refluxo (trato melhor disso nesse post aqui!) e é um dos grandes vilões da doença venosa.

Precisa-se de reforços!
A meia de compressão nada mais é que um reforço às veias e panturrilha. Ao comprimir a perna, ela aumenta o efeito de bomba do músculo, facilitando o retorno venoso! Isso faz com que menos sangue fique represado na perna, diminuindo a dor e sensação de peso, entre outros sintomas. Além disso, diminui o inchaço e inflamação, dando um efeito de "secagem" às pernas. Ajuda também na prevenção de trombose, por melhorar a circulação da perna de modo geral.
Outro importante detalhe: por melhorar a circulação, o uso regular das meias também "freia" a evolução da doença, retardando o crescimento e surgimento de novas varizes. Isso é especialmente importante para aquelas pessoas que já trataram as varizes - afinal de contas, varizes tem tratamento, mas não cura definitiva. Se não houver prevenção, há recidiva.
Em outras palavras: quando bem indicado, o uso de meia significa menos dor, menos inchaço, prevenção de novas varizes e trombose e mais qualidade de vida!
Mas é claro, a meia na gaveta não trata nada! ;)
Qual a meia mais adequada para mim?
Há diversos tipos disponíveis, das mais diferentes marcas, graus de compressão... Além disso, há algumas com características especiais, como tecido hipo-alergênico, efeito climático, entre outros. Algumas chegam até logo abaixo do joelho, enquanto outras podem comprimir também a coxa ou até mesmo até a cintura! Hoje em dia já não existe o mito de que meia tem pouca variedade, cores que não combinam ou coisa do tipo. Tem meia para todos os gostos e necessidades!

De forma geral, o grau de compressão e a frequência de uso são ditados pela gravidade dos sintomas de cada paciente, bem como o estágio da doença venosa. Algumas situações podem inclusive pedir uma meia especifica (pós-operatório, pós-escleroterapia). Por isso, não há uma regra geral a ser seguida e o seu cirurgião ou angiologista poderá determinar qual é o tipo mais apropriado para seu caso após uma conversa detalhada e exame físico cuidadoso.
Além da prescrição médica, também devem ser tiradas as medidas da perna com uma fita métrica, pois para ter a compressão especificada pelo fabricante, a meia deve ser de tamanho compatível com a perna. Ou seja, comprar meias sem medir a perna não vai funcionar!
Não consigo usar minha meia!
É uma queixa comum no consultório a intolerância às meias por parte de pacientes.
Na maioria absoluta das vezes, isso acontece devido ao uso incorreto ou mesmo tamanho inadequado.
No caso do uso incorreto, o desconforto geralmente é por conta de dobras de tecido (muito comuns no joelho e na coxa) que acabam "garroteando" a perna, piorando a circulação por impedir que o sangue circule normalmente. Por isso, é importante que a meia permaneça sem dobras grosseiras durante o uso.
O tamanho inadequado, além de também poder provocar dobras, muitas vezes faz com que a meia chegue em áreas como o joelho, o que causa muito desconforto ao caminhar. Para piorar, um tamanho inadequado pode também gerar compressão inadequada, para mais ou para menos.
É importante que você aprenda como calçar sua meia compressiva. O jeito mais fácil é virá-la quase toda do avesso, deixando apenas o espaço para a parte da frente do pé:


Já aprendeu a calçar sua meia corretamente?
Agora, é só usar e perceber a diferença!
Rafael Carvalho
Angiologia e Cirurgia Vascular
São João del Rei - Belo Horizonte / MG
IG: @carvalho.vascular
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